sábado, 10 de outubro de 2009

A Entrada no Infantário: O Dilema e o Processo

A entrada de uma criança num infantário, é sempre um período de grande nervosismo e ansiedade, quer para crianças, pais e educadores. Sorrimos e choramos neste processo de adaptação, que não é só das crianças e dos pais, mas nosso também.
Os pais, são talvez as pessoas que mais sofrem com esta situação. O vínculo que existe entre a mãe e a criança, é tão forte, que leva a que se formulem questões acerca da tomada de decisões. E questão impõem-se: “Filhos ou trabalho?”.
É hoje inquestionável a importância da qualidade da relação precoce no desenvolvimento da criança a todos os níveis. É essencial o estabelecimento de uma vinculação com uma figura relevante que será, na maioria dos casos, a mãe. Este vínculo mãe-bebé tem características muito específicas e especiais.
Não há Super-Mulheres e muito menos super mães, mas este é um dilema com o qual muitas mães têm de lidar. Muitas vezes planificam a sua vida de modo a voltar rapidamente para o trabalho, mas quando conhecem o seu bebé e passam os primeiros meses pós-parto inteiramente dedicadas ao seu filho, muitas vezes começam a questionar-se sobre o regresso à sua vida profissional. À medida que a licença de parto se vai aproximando do final, a angústia das mães vai aumentando. E essa angústia é naturalmente transportada para a Creche ou o Jardim de Infância.
A maioria das mulheres não pode ou não quer renunciar à sua carreira profissional. É de salientar que é perfeitamente possível conjugar a maternidade com o trabalho e, na maioria dos casos, é mais satisfatório a nível emocional. Quando a mãe tem que retomar a sua actividade laboral, a separação é muito sentida, pois está habituada a estar 24 horas por dia com o seu bebé. Vai chegando a altura da primeira separação e é necessário decidir o que é melhor para o bebé. É muito importante ter em conta que os bebés percepcionam a ansiedade dos pais e que a sua atitude face à situação é fundamental para ajudar a eliminar os receios da criança, para que ela possa viver este período de forma gratificante. No entanto, é natural que a criança sinta alguma ansiedade, pois está habituada a uma determinada rotina, sendo necessário que se adapte ao novo ambiente e às novas pessoas que vão passar a contactar com ela durante grande parte do dia.
Ainda que não seja uma decisão fácil, existem creches, infantários e colégios bem adaptados às necessidades dos bebés, em que as actividades são preparadas de forma personalizada, de acordo com a idade de cada criança. Para os bebés, a passagem do meio familiar para o meio escolar é um passo muito importante na sua curta vida. Vão passar a estar em contacto com outros espaços e pessoas, que num primeiro momento podem causar-lhes desconfiança e angústia. Os cheiros, as vozes e os carinhos vão mudar e aparecerão muitas crianças à sua volta, pulando e entrando em disputa pela atenção do adulto. Durante o período de adaptação terão que ir superando a separação. Mas se se tratar de uma boa creche, o bebé depressa se adaptará e não sentirá falta de nada.
A maioria dos bebés consegue adaptar-se sem problemas, acabando por passar alegremente para o colo das educadoras na hora da despedida. Este comportamento não deve gerar sentimentos de rivalidade por parte dos pais, pois significa que o bebé estabeleceu uma relação com elas. O trabalho das educadoras não é o de substituir emocionalmente os pais, mas é muito positivo que os bebés comecem a sentir carinho por elas e desenvolvam laços afectivos positivos.
Assim, a atitude dos pais face à situação é fundamental para ajudar a eliminar os receios do filho, para que ele possa viver este período de forma gratificante. Para diminuir estes sentimentos, deverá procurar conhecer bem a creche, os seus espaços e instalações, as suas regras de funcionamento, o que pode oferecer ao seu filho e, sobretudo, estabelecer uma relação de confiança com a educadora.
No momento da separação é importante que as mães se despeçam sempre deles e refiram quando irão voltar, mesmo que eles ainda não compreendam.
Não se culpabilize nem se angustie, pois esta não é uma mudança assim tão brutal para a criança. Recorde-se dos aspectos positivos que poderá trazer, a curto e a longo prazo, nomeadamente, no processo de socialização.

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